- Nº 2183 (2015/10/1)
Desertificação e reformados
em destaque na volta pelo Baixo Alentejo

Fazer do voto <br>uma afirmação de vida

Legislativas

O abandono do interior e a degradação das condições de vida dos reformados estiveram em destaque no périplo que Jerónimo de Sousa efectuou, quinta-feira, 27, por Beja, Moura e Serpa (ver caixa).

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A jornada de campanha pelo Baixo Alentejo iniciou-se com um almoço nos Bombeiros Voluntários de Beja. Num pavilhão lotado maioritariamente por reformados, o Secretário-geral do PCP desafiou-os a votar olhando para as suas vidas «infernizadas» por uma política que impôs «retrocessos civilizacionais e constitucionais», realçou, dando como exemplos a prática de um Governo que «rasgou» princípios e direitos como o de acesso à saúde ou à protecção social. Vidas, acrescentou, que se cruzam com as de filhos e netos a quem milhares de pensionistas e idosos têm hoje de acudir, lamentou ainda.

Fruto de sucessivos cortes aplicados pelo executivo PSD/CDS nos rendimentos da maioria dos reformados, estes vêem-se, frequentemente, constrangidos a optar entre «colocar comida na mesa» ou ir a uma consulta, pagar um exame ou o transporte [para o médico], denunciou ainda Jerónimo de Sousa. Daí, prosseguiu, ser de crucial importância que a 4 de Outubro os reformados, pensionistas e idosos usem o instrumento que têm à mão – o voto –, «castiguem quem vos castigou», julguem os responsáveis pela degradação das suas condições de vida e afirmem o seu direito e o das novas gerações a viver com dignidade

«Seria um voto contra os vossos interesses» confiarem quer no PSD/CDS quer no PS. Isto, justificou o dirigente comunista, porque se uns pretendem cortar mais 600 milhões de euros nas reformas e pensões (a coligação Passos/Portas, outro (o PS) propõe-se congelar as reformas por mais quatro anos e cortar nos apoios sociais.

Jerónimo de Sousa aproveitou também a oportunidade para denunciar que o PS esconde que o anunciado objectivo de baixar a TSU para os trabalhadores terá como efeito a redução dos descontos para a Segurança Social, traduzindo-se em «reformas mais baixas no futuro». Por isso, o Secretário-Geral do PCP defendeu que a vitalidade da Segurança Social universal e solidária deve assentar na criação de mais emprego e na aposta decisiva na produção e no aparelho produtivo nacional. «E se isso não chegar, então é preciso ir buscar o dinheiro onde ele está: às empresas com lucros fabulosos», salientou.

A terminar, Jerónimo de Sousa apelou aos reformados para que expressem «com o seu voto uma mensagem de confiança e esperança», que afirmem que «não estão mortos» e que contam na luta «por um Portugal com futuro».

Merecemos eleger dois deputados

Antes de Jerónimo de Sousa, interveio no almoço em Beja o cabeça-de-lista do PCP-PEV por aquele distrito, que sublinhou o que verdadeiramente está em causa a 4 de Outubro: a eleição de deputados que defendam os interesses de quem trabalha e o progresso social e económico. João Ramos insistiu no tema ao final da tarde num encontro com a população em Moura, no qual voltaram a marcar presença candidatos da CDU e dirigentes locais e nacionais do PCP e do PEV.

A abrir os discursos, o presidente da Câmara Municipal de Moura, Santiago Macias, destacou o reconhecimento da CDU como a força mais coerente na análise e nas soluções para Portugal, exemplificando com as propostas de sempre sobre a renegociação da dívida, as consequências da moeda única para o nosso povo e para o nosso País, ou relativamente à necessidade de pôr Portugal a produzir. «Hoje muitos dizem: “afinal tinham razão”», lembrou.

Já o cabeça-de-lista da CDU, João Ramos, realçou a luta popular dinamizada pelo PCP-PEV contra os encerramentos e pela manutenção dos serviços públicos, pela requalificação da rede viária regional ou pelo direito dos rendeiros da Herdade dos Machados trabalharem a terra. Dinâmica, assinalou, que se traduziu em propostas concretas apresentadas no parlamento.

Justifica-se, por isso, que «são precisos no distrito mais deputados que defendam a população», eleitos da única força política que «apresenta soluções e um pensamento estratégico para o desenvolvimento da região», considerou ainda o deputado e primeiro candidato pelo círculo eleitoral de Beja.

Em Moura, coube a Jerónimo de Sousa encerrar a iniciativa com palavras sinceras de valorização da intervenção da CDU e do deputado e candidato a um novo mandato, João Ramos, concluindo que «se o trabalho realizado fosse a medida, então aqui merecíamos eleger dois deputados».

Centenas recebem Jerónimo de Sousa em Serpa
A política de direita nunca dará bons frutos

O périplo de Jerónimo de Sousa pelo Baixo Alentejo terminou em Serpa com um jantar de sala cheia no parque de exposições. O Cante Alentejano que ecoou no palco depois da refeição, abriu o apetite aos discursos, inicialmente centrados na demarcação da CDU face às demais forças políticas.

«Temos um deputado que fez [na Assembleia da República] o triplo do trabalho dos deputados eleitos nas listas do PS e do PSD», afirmou Tomé Pires, presidente da Câmara Municipal de Serpa que apresentou e chamou para a mesa do comício dirigentes locais e nacionais do PCP e do PEV e alguns candidatos da CDU pelo círculo eleitoral de Beja.

A assinalar a diferença está, igualmente, o facto de os eleitos, activistas e apoiantes comunistas e ecologistas estarem em contacto directo com as populações «durante todo o mandato e não apenas quando chegam as eleições», notou, posteriormente, Heloísa Apolónia, deputada e candidata do PCP-PEV que se dirigiu aos presentes já depois da intervenção de João Ramos.

A concluir a iniciativa, Jerónimo de Sousa acusou PSD/CDS e PS de estarem «desesperados para salvar a política de direita e afirmou que esta «nunca dará bons frutos», como «uma figueira brava, mesmo enxertada de macieira, nunca dará maçãs».

O Secretário-geral do PCP dedicou o fundamental da sua intervenção à desertificação e abandono do interior de Portugal. Primeiro, denunciando as «sistemáticas, insistentes, reiteradas promessas de combate às assimetrias regionais», repetidas de «Trás-os-Montes ao Douro, à Beira serrana, ou aqui no Alentejo profundo», contrastando com a realidade de «um brutal agravamento das assimetrias regionais».

«E depois vêm os estudos dizer que o interior do País está em extinção, cada vez mais despovoado e envelhecido. Mas qual é o mistério?», questionou, para logo em seguida responsabilizar pela situação «os partidos do “arco da desertificação e da ruína” – PS, PSD e CDS».

Jerónimo de Sousa defendeu que «a correcção das assimetrias regionais exige um leque amplo de políticas integradas e dinamizadas regionalmente», assim como «orçamentos do Estado e fundos comunitários com forte discriminação positiva dos territórios atingidos pela desertificação». Mas carece sobretudo da criação de «oferta de emprego estável, bem remunerado e com direitos, e isso só com outras políticas económicas, viradas para a actividade produtiva», reclamou.

Aos reformados, pensionistas e idosos
a CDU propõe
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